70 mil vagas e poucos candidatos: falta qualificação para o mercado de TI
Nos próximos três anos, 150 milhões de vagas no setor de tecnologia da informação (TI) devem ser abertas no mundo, aponta uma pesquisa do LinkedIn. No Brasil, a projeção é de 70 mil novos postos de trabalho anualmente.
E, pasme: no país que possui 9,2 milhões de desempregados, boa parte das vagas devem permanecer sem candidatos. A explicação está na falta de qualificação técnica. Uma realidade que compromete não só a economia, como o desenvolvimento social do país.
Os cargos com maior demanda são os que se relacionam diretamente com a transformação comportamental de consumo e com as necessidades de negócios, como engenheiros de software, desenvolvedores de backend e de frontend, desenvolvedores de jogos e analistas de segurança cibernética. Para solucionar o problema, em 2020 foi criada a associação sem fins lucrativos “Meu Futuro Digital” (MFD). A iniciativa surgiu a partir de um grupo de executivos interessados em acelerar a entrada de jovens no mercado de tecnologia.
Em entrevista exclusiva ao portal da Revista VOTO, Ruben Duek, CEO e cofundador do Meu Futuro Digital, fala sobre o necessário projeto e comenta suas expectativas em relação ao futuro, que tem tudo para ser cada vez mais inclusivo e digital.
VOTO – Qual é o propósito do Meu Futuro Digital?
Gerar agilidade e escala no processo de atração, capacitação e empregabilidade nas áreas de TI, com foco em jovens de 16 a 24 anos. Assim, esperamos promover um crescimento exponencial no mercado de profissionais de Tecnologia da Informação Brasileiro, duplicando a mão de obra qualificada em TI, de forma a duplicar o PIB de serviços de Tecnologia da Informação no Brasil, chegando a R$ 500 bilhões.
VOTO – Quando, onde e como surgiu o MFD?
Surgiu em 2019 a partir de um grupo de CEOs, CIOs, CFOs, empresários, empreendedores sociais, educadores e governantes interessados em fomentar a tecnologia da informação no Brasil, ampliar a capacitação e empregabilidade de jovens e adultos no setor e criar soluções para crescimento de mão de obra qualificada em TI, STEM e Digital no país.
VOTO – Quem faz parte do MFD?
O MFD é uma organização que trabalha em rede, ou seja, coordena a participação nos projetos de organizações que fazem desde a comunicação até a capacitação e empregabilidade dos jovens. Temos hoje 48 organizações parceiras.
VOTO – Existem voluntários? Como funciona?
Sim, basicamente os voluntários podem participar do MFD na gestão de projetos, na mentoria de jovens e nas funções de liderança de grupos de interesse, como mulheres em TI, ou temáticas, como inteligência artificial.
VOTO – Quais foram as maiores dificuldades para implementar a iniciativa?
A criação de uma rede ativa e a sua coordenação para alinhar os objetivos de todos os participantes em torno de objetivos comuns. Hoje, atuamos por meio da colaboração entre os diversos atores do ecossistema de formação de mão de obra qualificada em tecnologia da informação, para nos tornarmos cada vez mais capazes de transformar o cenário atual. Buscamos ser um grande hub para conectar os jovens às iniciativas existentes que o levem da conscientização sobre as oportunidades de emprego, passando por programas de capacitação (cursos de Tecnologia da Informação), mentoria, apoio financeiro e colocação em empresas parceiras, como o Programa Jovem Aprendiz Tech.
VOTO – O que já se pode comemorar?
Atuação em 24 estados do Brasil, criação do programa Jovem Aprendiz TECH, primeiro programa de aprendizagem Tech do Brasil; criação do programa Contrate um Campeão das Olimpíadas de Matemática, com participantes de jovens campeões de todo o Brasil, criação do Programa Escola TECH, para inserção de tecnologia na formação de jovens desde o ensino fundamental até o médio.
VOTO – Quais são os serviços oferecidos para jovens e empresas?
Para os jovens são cursos, mentorias, palestras, conexão com as empresas e para as empresas, participação em programas ESG e acesso a jovens talentos.
VOTO – Como ser um patrocinador, apoiador ou parceiro do MFD?
Temos 5 níveis de patrocínio do MFD, Master, Sênior, Pleno, Júnior e Apoiador, de acordo com as possibilidades da empresa. Para cada nível, há um grupo de contrapartidas do MFD.
VOTO – Temos números em relação ao projeto?
17 projetos, dois milhões de jovens sensibilizados, 1416 jovens formados, 140 jovens empregados com 50% de inclusão de gênero e raça.
VOTO – E quais são os próximos passos?
Nossa meta é atrair 1,5 milhão de jovens em oito anos. Dessa forma, devemos ampliar a execução dos programas que desenvolvemos e amadurecemos nesses três anos de vida.
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