O maior ataque da história contra Rodrigo Maia
*Por Manoel Fernandes
Eram 17h30 de sexta-feira quando o Twitter parou de exibir a #ForaMaia na sua lista de trending topics no Brasil. Nesse momento, Rodrigo Maia havia quebrado um recorde com 1,6 milhão de posts publicados nessa rede social desde o início da noite de ontem, quinta-feira, com 12 hashtags contra ele, além da principal.
É o equivalente 34% a tudo que se comentou em torno do seu nome no Twitter nos últimos 12 meses e, considerando apenas tweets negativos, 71% desde janeiro de 2020. Foi o maior ataque da história contra o presidente da Câmara dos Deputados.
A ação seguiu o padrão dos fluxos bolsonaristas nas redes sociais, mas seria um falso positivo atribuir o resultado apenas ao uso de robôs, especialmente o Twitter, que já negou a existência dessa capacidade de manipulação em larga escala do seu algoritmo no Brasil.
Durante as últimas 24 horas, a onda contra Maia se espalhou em vários pontos da Internet e os fluxos se interconectaram. Era possível encontrar seus efeitos em sites de notícias, no Facebook, Instagram, Youtube, Google Brasil e em grupos no Whatsapps e no Telegram. No Instagram, a #ForaMaia alcançou 77 mil publicações em vários perfis.
Só no Twitter entraram em ação 238 mil perfis que, em média, publicaram sete posts contra Maia. Desse volume, 14% eram publicações originais e 49% RTs, quando os perfis atuam em sincronia para ampliar o raio de propagação digital de uma mensagem.
O ataque também encontrou eco entre deputados bolsonaristas que nas últimas 24 horas publicaram críticas a Maia no Facebook, Twitter e Instagram. No total foram 29 posts que alcançaram 323 mil interações e a liderança desse ranking ficou por conta de Eduardo Bolsonaro que conseguiu 53 mil interações em uma mensagem no Facebook.
Deputados estaduais do PSL na Bahia, Ceará, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo também atacaram o presidente da Câmara.
Na Câmara dos Deputados, o fato curioso é que Maia foi defendido por parlamentares do PT e Alexandre Frota (PSDB. Não há registro, por enquanto, de outros deputados do DEM solidários ao colega de legenda.
No universo de 51 mil notícias produzidas por sites da mídia profissional e alternativa, os bolsonaristas conseguiram colocar 57 artigos sobre Rodrigo Maia entre os 300 mais compartilhados no Facebook e no Twitter, quando o visitante do site clica no link e traz o conteúdo para sua rede de amigos digitais.
Além disso, nesse contexto, o artigo mais compartilhado no Brasil às 19h com 410 mil interações havia sido publicado pelo site bolsonarista Pleno News e trazia críticas a Maia. O segundo era o presidente Bolsonaro (398 mil interações) falando da mudança no Ministério da Saúde e o terceiro da CNN com a entrevista de Bolsonaro (325 mil) atacando Maia.
O modelo de ação
A ação bolsonarista seguiu a mesma liturgia de ataques anteriores. O primeiro movimento envolve com uma entrevista a um veículo da mídia profissional. Nesse caso, Bolsonaro escolheu a versão local da CNN para acusar o desafeto de uma conspiração junto com o governador João Doria e um integrante do STF.
Com a informação avalizada pela credibilidade jornalística, o segundo movimento é colocado em operação. Formadores de opinião do mundo bolsonarista, como o próprio filho do presidente, e influenciadores digitais entram divulgando conteúdo da entrevista e convocando a militância a republicar.
Ontem foi o caso de Leandro Ruschel e Bernardo Kuster. Eles não são robôs e os dois tweets, um de cada, criticando Rodrigo Maia registraram 10 mil RTs. O fato interessante foi a sincronia de ambos. Kuster fez o seu texto às 9h30 da manhã e Ruschel 19 minutos depois.
Alcolumbre
Também houve um esboço de críticas ao presidente do Senado, David Alcolumbre, mas nada comparado ao que aconteceu com Rodrigo Maia. O senador foi alvo de 20 mil menções negativas no Twitter nas últimas 24 horas.
*Manoel Fernandes é Diretor BITES – DADOS PARA DECISÕES
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