ABRAM ESPAÇO PARA SUSTENTABILIDADE
Líder nacional no tratamento de resíduos sólidos, o Grupo Solví é liderado por Celso Pedroso. Sob a sua liderança estão mais de 50 empresas e investimentos que superam R$ 220 milhões por ano. Mas o executivo quer ir além: até 2025, mais 43 aterros devem ser construídos
CEO da Solví Participações S.A. e presidente do Conselho Diretor da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre), Celso Pedroso dedica-se ao setor ambiental há 22 anos. Engenheiro de Produção e especialista em Finanças, atuou na implantação de projetos de gestão sustentável Brasil afora e, em 2018, assumiu o comando do negócio, período em que foi instituído o Conselho Administrativo da organização. Sob o guarda-chuva, são mais de 50 empresas que operam no Brasil, na Argentina, no Peru e na Bolívia. A prestação dos serviços impacta diretamente na vida de 10 milhões de pessoas.
Pedroso contribuiu para a consolidação do Grupo na liderança nacional, expandindo internacionalmente a atuação da companhia. Em seu primeiro ano na presidência, ajudou o Grupo a apresentar um crescimento de 13,6% no número de contratos privados e 35% nas licitações públicas. Com foco na valorização energética, os investimentos ultrapassam a casa dos R$ 220 milhões em 2019 – com destaque para ampliação da capacidade de aterros e a implementação de tecnologia de ponta. Para além das cifras, a expansão também se mede com a abertura de novas unidades: no Brasil, em Goiás, no Rio Grande do Sul e na Bahia; e na Argentina, em Córdoba.
Em recente pesquisa de clima organizacional, o grau de favorabilidade da liderança foi de 92,2%. Um reconhecimento de excelência que dialoga com a postura de práticas disruptivas e o desenvolvimento de planos efetivos, com alto engajamento das equipes e focados na alta performance dos colaboradores. “Há uma sinergia de trabalho, sempre alinhada com os princípios e valores do Grupo”, pontua Pedroso.
Em entrevista exclusiva para VOTO, o presidente da Solví fala sobre um modelo de negócio que cresce exponencialmente na América Latina.
VOTO. O desenvolvimento econômico e a sustentabilidade costumam ser vistos como antagônicos. Como a Solví atua para unir esses dois pontos?
Celso Pedroso. Não existe desenvolvimento econômico sem sustentabilidade. A proteção e a preservação ambiental são valores fundamentais para Solví. As áreas nas quais atuamos – resíduos públicos, soluções industriais, saneamento e valorização e energética – interferem diretamente na preservação do meio ambiente e na inserção, com dignidade, de populações vulneráveis. Nosso Grupo está a serviço do desenvolvimento econômico e enfrentamos esse desafio garantindo a integridade dos recursos naturais e a segurança humana e ambiental.
Atuamos como unidades de valorização sustentável. Ou seja: conceito em que o cuidado com a sociedade e a qualidade de vida têm nível de importância tão relevante quanto os resultados econômicos. Esse posicionamento é o que determina o nosso trabalho.
V. Como se diferenciar em um mercado tão competitivo?
CP. Conseguimos nos diferenciar no mercado com investimentos em novas tecnologias e processos para potencializar a segurança ambiental em todas as operações e negócios. Temos estrutura tecnológica e equipe em formação contínua em nossa Academia de Excelência para atender às principais macrotendências mundiais. Fortalecemos constantemente nossos investimentos em Tratamento e Valorização de Resíduos. Em 2018, destinamos para coleta, tratamento e disposição final R$ 94.255 milhões, o dobro do ano anterior. Sustentamos nossas ações no Programa de Integridade Sustentável (PIS), que orienta a postura e o comportamento de toda a equipe. Buscamos construir a evolução do nosso ambiente de negócios para uma maior segurança ambiental, jurídica e de percepção por parte da população. Benefício ao meio ambiente também é benefício da saúde pública.
V. Em média, o país gera cerca de 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos ao ano, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Na América Latina, somos a nação que mais produz lixo. Há como reduzir esse volume?
CP. Essa é uma questão muito mais de atitude do que de investimento. É muito importante que as pessoas saibam que não existe “jogar fora”, e que não é por um passe de mágica que o lixo desaparece da porta das nossas casas. Acreditamos que o engajamento da sociedade, parcerias com clientes, fornecedores e com a indústria seja o caminho para encontrarmos soluções de forma responsável, sustentável que preservem o meio ambiente.
É preciso fortalecer o relacionamento com clientes, mercados e formadores de opinião com o objetivo de esclarecer e conscientizar sobre a importância do setor de tratamento de resíduos. No Grupo Solví criamos o Programa Parceria Cidadã com Sociedade (PPCS), tecnologia social utilizada pelas nossas empresas para nortear o relacionamento com os públicos de interesse de cada Unidade de Valorização Sustentável (UVS).
Essa agenda inclui diálogos com a comunidade, parcerias com universidades, visitas a UVS, pesquisas de percepção e de conscientização. Além disso, os programas de Educação Ambiental disseminam nossos conceitos para grupos de formação da sociedade organizada. Além de gerar reconhecimento da importância de nossas atividades, promovemos essa conscientização de forma assertiva no meio em que atuamos.
V. A geração de energia a partir do biogás é vista como uma alternativa para o futuro. Como aumentar essa produção e de que forma novas termelétricas podem cooperar com o avanço do Brasil?
CP. O Brasil vive uma redução na capacidade dos reservatórios de hidrelétricas e as termelétricas surgem como uma alternativa em prol da sustentabilidade. Sua construção demanda menos tempo do que uma hidrelétrica e ela pode ser instalada em áreas habitadas. A captação e queima do gás – em flares ou nos motogeradores das usinas térmicas – transforma o metano em CO2, que é 25 vezes menos nocivo à camada de ozônio, mitigando gases de efeito estufa.
Desde 2011, nossas unidades são referência na transformação de metano em energia elétrica. A técnica aproveita o calor gerado pelo gás em usinas de biogás. Em 2018, os aterros do Grupo Solví geraram 407.988 MWh/ano de energia, quantidade suficiente para suprir aproximadamente 530 mil habitantes e evitou a emissão de 2.520.992 t CO2eq/t na atmosfera.
V. Quais os planos para o grupo Solví para os próximos anos? Há alguma meta de crescimento ou enfoque em determinada área de atuação?
CP. Há um longo caminho a percorrer na erradicação dos lixões e na sustentabilidade financeira dos serviços deste segmento no Brasil. O Grupo Solví tem oferecido soluções inovadoras para a mudança desse cenário com tecnologias de ponta. Visualizamos nossa organização nos próximos anos com um investimento consistente, mantendo a liderança e oferecendo serviços em toda a cadeia de resíduos sólidos, com destaques para cliente industriais. A demanda por um padrão de produção mais limpo representa oportunidade de crescimento para nossas empresas, pois oferecerem novas tecnologias de reaproveitamento de materiais e de valorização energética de resíduos. A planta de blendagem em Caieiras, que transforma descartes perigosos e não perigosos em combustível alternativo para a indústria cimenteira, tem capacidade para processamento de 3.450 toneladas por mês – e é um exemplo dessa lógica. O Grupo tem esse tipo de site também em outras unidades. Continuaremos investindo na expansão desse serviço.
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