Mercosul repudia tentativa de golpe na Bolívia

Nesta quinta-feira (27), países-membros e associados do Mercosul emitiram uma nota conjunta manifestando apoio ao presidente boliviano Luis Arce e repudiando a tentativa de golpe na Bolívia.

Na quarta-feira (26), militares sob o comando do general Juan José Zúñiga tentaram invadir a sede do governo em La Paz. Tanques do Exército e soldados armados chegaram a adentrar o Palácio Quemado, a antiga sede do governo que ainda é utilizada para eventos protocolares.

“Os Estados Partes do Mercosul e Associados manifestam sua profunda preocupação e enérgica condenação às mobilizações de algumas unidades do exército boliviano, que visam a desestabilizar o governo democrático do Estado Plurinacional da Bolívia, descumprindo os princípios internacionais da vida democrática e, em particular, do Mercosul”, aponta a carta.

Os países integrantes do Mercosul também declararam que repudiam qualquer tentativa de alteração de poder por “meio da violência e de forma inconstitucional que atente contra a vontade popular, soberania e autodeterminação dos povos”. Além disso, expressaram seu apoio ao presidente da Bolívia.

Tentativa de golpe

Zúñiga foi detido na entrada do Estado-Maior e, conforme relatado pela Associated Press, alegou que o golpe foi planejado pelo próprio presidente Luis Arce. Além de Zúñiga, Juan Arnez Salvador, ex-comandante da Marinha, também foi preso.

“No domingo, na escola La Salle, encontrei-me com o presidente, que me disse que a situação estava muito complicada”, declarou Zúñiga. O general também afirmou ter recebido autorização do presidente para mobilizar veículos blindados nas ruas.

No dia anterior, Zúñiga havia sido removido do posto de comandante do Exército após ameaçar Evo Morales, declarando que prenderia Morales se ele tentasse retornar ao poder.

Durante uma discussão entre Arce e o general, ambos gritaram, e o presidente ordenou que o ex-comandante do Exército retirasse as tropas. Zúñiga não respondeu.

Após cerca de quatro horas de tensão, o movimento foi desfeito por ordem de Arce, e os militares envolvidos na tentativa de golpe deixaram o local, escoltados por soldados que permaneceram leais ao governo.