PEC deve criar nova crise entre Lula e Campos Neto
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, articula a PEC da autonomia financeira com aliados no Senado. O texto, de autoria do senador Vanderlan Cardoso (PSD-MG), estipula que o BC terá a autonomia de gestão administrativa, contábil, orçamentária, financeira, operacional e patrimonial sob supervisão do Congresso Nacional.
Na avaliação de aliados do Palácio do Planalto, a situação pode gerar uma nova crise entre o presidente Lula e Campos Neto. O petista considera que a fiscalização do órgão monetário deve ser feita pelo Poder Executivo, e não pelo Congresso. O governo defende designar o Conselho Monetário Nacional, que é formado pela presidência do banco e pelos ministérios da Fazenda e Planejamento, para fiscalizar as ações do BC.
As negociações em torno da PEC da autonomia financeira devem ser retomadas após o fim do recesso parlamentar. A autonomia do Banco Central nos âmbitos operacional, financeiro e administrativo é uma das principais bandeiras de Campos Neto em sua gestão. Ele busca colocar a ideia em prática até dezembro, quando termina seu mandato.
A relação entre Lula e Campos Neto começou estremecida. Logo nos primeiros meses de mandato, o petista pressionava o presidente do BC publicamente em razão da alta taxa de juros. Integrantes do governo defendiam que a estabilização econômica já era suficiente para iniciar o processo de cortes na taxa Selic.
Em agosto de 2023, o Banco Central iniciou o ciclo de cortes nos juros, o que diminuiu as tensões e permitiu a criação de uma relação institucional, costurada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Campos Neto chegou a comparecer à confraternização de final de ano promovida por Lula em Brasília. No entanto, uma nova crise entre os dois está prestes a começar caso o impasse não seja resolvido.
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